Assassin’s Creed Shadows ainda nem foi lançado oficialmente, mas já está no centro de uma série de discussões — principalmente quando o assunto é sua representação do Japão feudal.
Ambientado no século XVI, o título da Ubisoft gerou debates intensos nas redes sociais, com críticas sobre possíveis imprecisões históricas, escolhas criativas e até questões culturais mais sensíveis. Apesar da repercussão polêmica, a imprensa japonesa tem se mostrado receptiva ao jogo.
Polêmicas antes do lançamento e a questão da representação
Desde o anúncio, Shadows foi alvo de controvérsias. Um dos episódios mais comentados envolveu o uso indevido de uma bandeira com o símbolo do grupo Sekigahara Gun Corps, utilizada em materiais promocionais sem autorização. A situação gerou protestos e levou a Ubisoft a se manifestar.
Outro ponto que dividiu opiniões foi a presença de Yasuke como protagonista. A figura histórica de Yasuke — um samurai africano que serviu Oda Nobunaga — foi reinterpretada no jogo, o que gerou críticas de parte do público japonês, especialmente em círculos mais conservadores. Ainda assim, o personagem foi incluído como uma das figuras centrais da narrativa.
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Imprensa local elogia o cenário e a proposta do jogo
Apesar da recepção mista nas redes, os principais veículos especializados do Japão apresentaram uma visão diferente. Sites como 4Gamer, Dengeki, Gamer e Game Watch foram unânimes em destacar pontos positivos do novo título da Ubisoft.
Segundo a cobertura feita por Kazuma Hashimoto, colunista do site Polygon, o que mais chamou a atenção da crítica local foi a ambientação: o sistema dinâmico de estações e o realismo das variações climáticas foram elogiados como um dos pontos altos do game. Embora alguns detalhes ambientais tenham sido apontados como imprecisos, a avaliação geral da imprensa especializada foi positiva.
Personagens principais recebem análises distintas
A dupla de protagonistas também foi avaliada pelos jornalistas japoneses. A shinobi Naoe, segundo os críticos, se destaca não apenas pelo gameplay ágil, mas também pelo seu arco narrativo. A personagem é descrita como alguém em busca de vingança que amadurece ao longo da jornada — uma figura com quem os jogadores conseguem se conectar.
Já Yasuke, embora não tenha sido criticado de forma direta, não gerou o mesmo nível de empatia entre os jornalistas. Alguns veículos relataram que, embora seja interessante controlar um personagem baseado em uma figura histórica real, a construção emocional de Naoe acabou se sobressaindo em relação a ele.
Ver o Japão por outro olhar foi bem recebido
Apesar das controvérsias, parte da mídia japonesa parece ter apreciado a ideia de representar o país sob uma perspectiva externa. O site Game Watch, por exemplo, destacou que observar a cultura e as figuras históricas do Japão por meio dos olhos de um personagem estrangeiro — como Yasuke — traz um ponto de vista que pode gerar novas interpretações e reflexões sobre o período retratado.
Ainda assim, os críticos foram cautelosos: embora reconheçam os méritos de Assassin’s Creed Shadows, eles deixaram claro que o jogo não atinge o mesmo nível de impacto de Ghost of Tsushima, produzido pela norte-americana Sucker Punch.
Hideki Kamiya sai em defesa do jogo
Quem também se manifestou sobre a recepção de Shadows foi o veterano Hideki Kamiya, conhecido por seu trabalho em jogos como Bayonetta e Ōkami. Em uma publicação nas redes sociais, o desenvolvedor criticou o tom exagerado das reações negativas e elogiou o desempenho do título.
“Enquanto algumas pessoas fazem um grande alvoroço dizendo ‘Eu não tolero isso!’, a outra maioria das pessoas normais que adotam uma postura de ‘está tudo bem’ basicamente fica em silêncio […] Fiquei triste pelo jogo estar sendo tão criticado, mas (estou) feliz que parece estar indo bem tanto nas vendas quanto nas análises.”
Kamiya deixou claro que, para ele, o barulho feito por uma parcela da internet não representa o pensamento da maioria do público japonês.
Desempenho em vendas deve revelar aceitação do público
O próximo capítulo dessa história será definido pelos números. A expectativa agora é observar o desempenho comercial de Assassin’s Creed Shadows no Japão — o que pode indicar se a recepção calorosa da mídia especializada será acompanhada por aprovação do público em geral.
A divulgação dos primeiros rankings semanais promete esclarecer se a Ubisoft acertou ao se arriscar em um território historicamente delicado, mas repleto de potencial narrativo.
