Stranger Things pode até ser uma carta de amor aos anos 80, mas se você reparar bem, tem mais do que só filmes e músicas antigas no DNA da série. Em várias cenas, nas relações entre os personagens e até na estética do Mundo Invertido, dá pra sentir uma influência bem forte de alguns jogos que marcaram época — e o melhor: muitos deles a galera nem percebe.
A real é que os criadores da série, os irmãos Duffer, cresceram no meio de cartuchos, disquetes e controles com fio. E isso aparece de um jeito sutil, mas presente o tempo todo. Não é só Dungeons & Dragons que moldou Hawkins… os games também tiveram um papel enorme. Bora mergulhar nessas referências que talvez você só perceba agora.
Silent Hill — o terror silencioso que sussurra no Mundo Invertido
Pouca gente comenta, mas Silent Hill parece ter deixado suas marcas no visual e no clima sufocante do Mundo Invertido. Aquela névoa constante, os corredores infinitos, a sensação de estar em um lugar familiar mas distorcido… tudo isso remete diretamente à cidade amaldiçoada da franquia da Konami.
Além disso, o som ambiente em Stranger Things muitas vezes abandona a trilha tradicional pra mergulhar em ruídos e tons graves, exatamente como acontece em Silent Hill. Não é um susto escancarado — é um desconforto constante. E isso, meu amigo, é puro DNA do survival horror japonês.
The Last of Us — o peso das relações humanas

Se tem uma coisa que The Last of Us faz como ninguém, é explorar o lado emocional dos personagens em meio ao caos. E isso, convenhamos, também é o coração de Stranger Things. Pode reparar: a série é menos sobre monstros e mais sobre como as pessoas lidam com perdas, medos e escolhas impossíveis.
O relacionamento entre Eleven e Hopper, por exemplo, tem uma pegada muito parecida com a de Ellie e Joel. Dois personagens que não começaram juntos, mas que criam um laço tão forte que sobreviver vira algo emocional, não só físico. E esse tipo de construção emocional mais madura, que mistura drama com tensão, é um traço claríssimo herdado dos games narrativos como TLOU.
Doom — demônios, portais e o caos vindo do submundo
Ok, Doom parece uma escolha improvável aqui. Afinal, onde que Stranger Things se parece com um FPS frenético cheio de demônios? Mas segura essa: o conceito de um portal para outra dimensão, de uma ameaça monstruosa invadindo nosso mundo e se espalhando como uma infecção… é basicamente o coração da narrativa do game.
O Mundo Invertido lembra muito o Inferno de Doom: tudo é orgânico, distorcido, pulsante. Os tentáculos, os fluidos escorrendo pelas paredes, os inimigos deformados… são elementos visuais que os fãs de Doom conhecem de longa data. E vamos combinar: Vecna teria dado um bom chefe de fase final, hein?
Resident Evil — experimentos secretos e laboratórios duvidosos
Sabe aquele clima de laboratório abandonado, com luzes piscando e pastas com experimentos bizarros? Total Resident Evil. A trama envolvendo o Laboratório de Hawkins lembra demais as instalações da Umbrella Corporation — um lugar onde coisas horríveis aconteceram, mas ninguém quer falar sobre isso.
Tanto na série quanto nos jogos da Capcom, o que começa como ciência logo escorrega pro sobrenatural. E no fundo, o que assusta nem é só o monstro, mas a ideia de que alguém criou aquilo conscientemente. Esse paralelo entre governo, experiências humanas e monstros que escaparam é uma conexão direta entre os dois universos.
Alan Wake — quando o terror vem da própria realidade distorcida
Alan Wake não é só sobre sustos e sombras. É sobre a distorção da realidade, o medo que surge quando você não confia nem no que seus olhos estão vendo. E é justamente esse tipo de terror que a série usa em várias temporadas.
A sensação de estar num pesadelo acordado, onde as leis do mundo simplesmente param de funcionar, é muito presente em ambos os casos. Além disso, o conceito de mundos paralelos e de forças que se alimentam do medo e da dor também são temas centrais em Alan Wake. Coincidência? Acho que não.
EarthBound — o RPG que mistura humor, amizade e bizarrice
Talvez esse aqui seja o mais subestimado da lista. EarthBound é um RPG estranho, divertido e cheio de alma. A história segue um grupo de amigos crianças enfrentando uma ameaça alienígena com tacos de beisebol e coragem. Soa familiar?
Assim como em Stranger Things, o charme de EarthBound tá no grupo. É na amizade, nas piadas bobas, no crescimento dos personagens diante do absurdo. Ele captura aquela essência do “juntos até o fim”, mesmo quando o inimigo é algo que ninguém consegue explicar. É o tipo de jogo que te lembra por que a infância é tão poderosa — e assustadora.
O controle pode até não aparecer… mas a vibe gamer tá ali o tempo todo
Stranger Things é um caldeirão de referências, e os games têm seu espaço garantido ali dentro, mesmo que muita gente não perceba de primeira. Do terror psicológico ao drama emocional, passando por monstros de outra dimensão, tudo isso já foi vivido nos videogames antes — só que agora tá sendo contado de um jeito novo, nas telas.
E cá entre nós… essa troca é linda. Porque do mesmo jeito que Stranger Things homenageia os clássicos, ela também renova o interesse em tudo que inspirou seu universo. E se você for fã de verdade, vale a pena revisitar esses games com outro olhar. Vai por mim: depois dessa lista, até o Doomguy vai parecer um veterano de Hawkins.