Todo mundo tem aquela lembrança que volta com força quando sente um cheiro, ouve uma música ou vê uma imagem. Mas, pra muita gente que cresceu nos anos 2000, a memória mais viva não vem de um álbum de fotos — vem de um menu azul, o barulhinho da inicialização do PS2 e aquele grito ao fundo: “perdeu, passa o controle!”.
Sábado à noite, naquela época, tinha um ritual sagrado: pizza, refrigerante e campeonato no PlayStation 2. Era o que unia a galera, o que transformava a sala da casa em estádio, pista de corrida ou dojo de luta. E, sem que a gente percebesse, o PS2 acabou virando parte da cultura do fim de semana no Brasil.
Cada casa era uma locadora particular
Quem tinha o console em casa, automaticamente virava o anfitrião oficial. A galera chegava com mochila nas costas, memory card no bolso e, muitas vezes, discos riscados de tanto uso. Ninguém ligava se o controle tava meio torto ou se o botão “R2” respondia com atraso. O importante era estar lá.
E antes que alguém perguntasse o que ia rolar, o cardápio da noite já era previsível: Winning Eleven, Dragon Ball Budokai Tenkaichi 3, Mortal Kombat Shaolin Monks, Need for Speed Underground 2… e o infalível GTA San Andreas só pra dar risada fazendo bagunça entre uma rodada e outra.
Campeonatos valiam mais que troféu

A tensão era real. Teve campeonato de futebol improvisado em folha de caderno, regra inventada na hora (“quem perder por 3 tem que sair da próxima”), e muita treta resolvida no controle. Mas era tudo parte da graça.
O mais engraçado é que ninguém precisava de premiação. Ganhar já era o suficiente. E quem perdia? Voltava semana que vem jurando vingança.
Se você nunca passou por isso, talvez não entenda. Mas se viveu, sabe: tinha uma magia diferente ali. Aquela sensação de estar entre amigos, competindo, rindo, comendo pizza com a mão suja de controle… era tudo.
O PS2 era mais do que um videogame — era ponto de encontro
Mais do que jogar, a galera queria estar junta. Era um momento sem celular, sem redes sociais, sem notificação de WhatsApp. O único “ping” era o som do gol no Winning. E, mesmo quando o console travava no meio da semifinal, ninguém reclamava de verdade. A gente tirava o CD, assoprava com fé e tentava de novo.
Era simples. E por isso mesmo, marcante.
O PS2 virou uma extensão da amizade, um símbolo de tempo de qualidade. Ele não precisava de internet pra conectar ninguém. Bastava estar ligado, com dois controles (ou multitap, pra quem era mais roots) e disposição pra se divertir até de madrugada.
Um legado que ainda pulsa em 2025
Hoje em dia, com consoles de última geração, gráficos realistas e servidores online, o PS2 parece um artefato do passado. Mas quem viveu aquela época sabe que tem coisas que nenhum 4K substitui.
Em pleno 2025, tem gente jogando tudo isso de novo — só que agora no celular, no emulador, no PC. E não é só pela jogabilidade. É pela lembrança.
É por aquela época em que o sábado não era sobre “sair” ou “postar foto”. Era sobre estar com a galera, dividindo o controle, a pizza e o momento.
Se você já viveu esse ritual, pode ter certeza: ele tá guardado aí dentro. E qualquer partida de PS2 que você jogue hoje vai ativar tudo isso de novo. Porque alguns campeonatos não precisam de premiação — só de uma boa memória pra chamar de vitória.
E aí… qual jogo reinava absoluto no seu sábado à noite?