Nos últimos anos, os games deixaram de ser apenas produtos de entretenimento e passaram a ocupar o status de superproduções multimilionárias. Investimentos em marketing, equipes gigantes, motores gráficos de última geração e parcerias internacionais se tornaram padrão — e, junto com tudo isso, veio também o risco: o que acontece quando um jogo desses não vende como esperado?
Foi o que rolou com The First Berserker: Khazan, RPG de ação da Nexon baseado na famosa franquia Dungeon & Fighter. Apesar do hype inicial e de carregar o nome de uma IP consagrada no mercado asiático, o jogo ficou abaixo das expectativas de vendas. Resultado? A receita da empresa no primeiro trimestre de 2025 também ficou abaixo do previsto — e o sinal de alerta foi acionado.
Quando a aposta é alta, a queda também pode ser
A situação de Khazan não é única. A cada ano, vemos estúdios apostando alto em títulos novos — seja para criar franquias inéditas ou expandir universos já conhecidos. O problema é que nem sempre o retorno acompanha o investimento.
E não estamos falando só de cifras em publicidade. Um jogo como The First Berserker: Khazan exige:
- Equipes multidisciplinares com centenas de pessoas
- Anos de desenvolvimento e polimento
- Servidores globais e suporte técnico
- Localização para diversos idiomas
- Campanhas agressivas de divulgação no Ocidente
Só que, quando a venda não acompanha, todo esse custo pesa. E no caso de empresas menores ou estúdios independentes, pode até ser fatal.
Um jogo que “falha” pode afundar o estúdio?

Depende. Para empresas gigantes como Sony, Microsoft ou a própria Nexon, há fôlego para absorver um fracasso aqui ou ali — especialmente se o jogo estiver atrelado a uma estratégia de longo prazo, como é o caso de Khazan, que a empresa já afirmou ver como uma porta de entrada para o universo Dungeon & Fighter no Ocidente.
Mas no cenário atual, onde o público está cada vez mais seletivo e exigente, nem toda empresa tem margem para errar. Um lançamento mal-sucedido pode significar corte de equipe, cancelamento de projetos futuros e, em casos extremos, o encerramento do estúdio.
O mercado mudou: jogo bom não garante sucesso
Hoje, o sucesso de um game vai muito além de sua qualidade técnica. Vivemos numa era onde visibilidade, timing, engajamento e comunidade são quase tão importantes quanto o próprio gameplay.
Por isso, mesmo jogos bem-feitos podem flopar se não tiverem uma boa estratégia de lançamento, se chegarem na época errada ou se não conseguirem cativar streamers e influenciadores. O excesso de lançamentos, a concorrência feroz e o público fragmentado tornam tudo mais imprevisível.
E é justamente por isso que empresas como a Nexon estão jogando no modo estratégico: elas entendem que não vão “estourar” com um único game, mas sim ao criar um ecossistema de jogos, produtos e experiências conectadas — como Khazan, que mesmo sem bater metas de vendas, serviu pra abrir caminho para futuros lançamentos da franquia.
O futuro: jogos mais modestos ou mais arriscados?
A grande dúvida é: a indústria vai continuar apostando em produções gigantescas, mesmo diante do risco crescente?
A tendência atual parece ser dividir o risco. Em vez de um único jogo com orçamento colossal, algumas empresas optam por projetos menores, testes com acesso antecipado, foco em nichos ou até estratégias de live service com monetização contínua. Outros, como a Nexon, investem pesado mesmo sabendo que os frutos virão no longo prazo — e nem sempre com o primeiro título.
O caso de The First Berserker: Khazan mostra que, por trás de cada lançamento, existe um cálculo complexo entre arte, comércio e sobrevivência. Criar um jogo deixou de ser só uma paixão: virou uma operação milionária onde o fracasso pode ser caro demais.
E aí, será que a indústria vai continuar seguindo esse caminho? Ou será que novos modelos mais sustentáveis vão surgir nos próximos anos?