Se você viveu a era do PlayStation 3 no Brasil, com certeza tem alguma história pra contar. Seja aquele rolê na locadora pra pegar jogo, aquele HD externo que parecia um baú do tesouro cheio de games, ou a eterna conversa na escola:
“Mano, já pegou aquele jogo novo? Dá pra colocar no HD.”
O PS3, mais do que um console, virou um fenômeno cultural no Brasil. E, cá entre nós, boa parte disso tem nome e sobrenome: desbloqueio.
O começo: quando o PS3 parecia coisa de outro mundo
Quando o PlayStation 3 chegou no Brasil, lá em meados de 2006 e 2007, o impacto foi imediato. Um console gigantesco, pesado, caro e com aquele design futurista. E, claro, o preço… esse era simplesmente proibitivo.
No lançamento oficial, o PS3 chegou custando mais de R$ 7.000 (sim, você não leu errado). Era console de gente muito rica.
Resultado? A galera segurou no PS2 por muito tempo. O PS3 parecia um sonho distante, coisa que a gente só via na internet, nas revistas ou na vitrine das lojas.
O destravamento muda tudo

Mas o brasileiro é mestre na arte da adaptação. E, quando finalmente surgiram os primeiros métodos de desbloqueio do PS3, o jogo virou.
A real é que o PS3 não foi tão fácil de destravar quanto o PS2. Demorou. Mas quando chegou a era do CFW (Custom Firmware) e depois o lendário HEN (Homebrew Enabler), o negócio explodiu de vez.
E aí veio o fenômeno: a era do HD externo lotado.
Era comum você ir numa lojinha, numa assistência, ou até conhecer aquele cara do bairro que fazia o serviço e escolher seus jogos na lista. E que lista, hein? Tinha de tudo:
- GTA V
- The Last of Us
- God of War 3
- Red Dead Redemption
- FIFA, PES, Call of Duty, Assassin’s Creed…
Tudo instalado bonitinho no seu HD, que virava praticamente uma biblioteca gamer portátil.
As locadoras e o PS3: uma relação diferente
Se o PS2 reinou absoluto nas locadoras, o PS3 teve um papel um pouco diferente, mas ainda assim marcante.
Na era do PS3, muitas locadoras se transformaram em lan houses de console. A galera não alugava tanto o disco físico, mas sim pagava pra jogar por hora. Era sofá, tela grande, controle na mão e aquele campeonato de PES, FIFA ou Mortal Kombat que durava a tarde inteira.
Sem falar nos rolês pra buscar jogo no HD. Algumas locadoras até ofereciam serviço de “montagem de HD”: você escolhia, eles baixavam, instalavam e te entregavam o HD recheado.
O HD externo virou patrimônio gamer
Se teve um item que representou essa geração, foi o HD externo.
Quem viveu, sabe. O papo não era mais só sobre jogar, mas sobre “quantos jogos cabem no seu HD.”
- “O meu é de 500GB, mas já tá cheio.”
- “Mano, peguei um de 1TB. Dá pra colocar uns 80 jogos fácil.”
- “Se você quiser, eu te passo aquele pack dos melhores jogos de PS3.”
Era mais que um acessório. O HD externo virou um símbolo da cultura gamer da época — e, sejamos sinceros, também virou uma forma de socializar, trocar jogos, recomendar, descobrir pérolas escondidas e viver experiências que, de outro jeito, seriam bem inacessíveis.
O PS3 acessível: democratizando a geração
A verdade é que o desbloqueio fez do PS3 um console acessível de verdade no Brasil.
Se antes só quem tinha grana conseguia, com o destravamento e o barateamento dos consoles usados, o PS3 virou quase item obrigatório em casa.
Não era só videogame. Era central multimídia. Rodava jogo, filme, música, emulador, YouTube… pra muita gente, era praticamente um computador de entretenimento.
Impacto cultural real: mais do que só jogar
O impacto do PS3 no Brasil vai muito além de jogar. Foi uma geração que:
- Transformou locadoras em espaços de convivência gamer.
- Fez do HD externo um dos itens mais valiosos da casa.
- Popularizou o multiplayer local e online.
- Fez surgir fóruns, grupos de Facebook e até WhatsApp só pra troca de jogos e dicas de desbloqueio.
- Democratizou o acesso a jogos que, sem destravamento, seriam simplesmente impossíveis pra boa parte da galera.
E até hoje… ele vive
Em 2025, o PS3 ainda respira firme. Tem gente desbloqueando, atualizando, jogando e mantendo viva essa comunidade que surgiu lá atrás.
Pra muitos, é mais que nostalgia. É história. É parte da vida gamer no Brasil. E quem viveu a era do PS3 destravado, do HD lotado e dos campeonatos na locadora, viveu algo que nunca mais vai se repetir igual.