Quando a FromSoftware lançou Demon’s Souls lá em 2009, o mundo dos games tomou um susto. Literalmente. A dificuldade crua, o mundo sombrio e aquela sensação de “perdi tudo, mas vou tentar de novo” pareciam novidades. Mas… será que era mesmo?
A verdade é que, antes do termo soulslike virar moda, alguns jogos no PlayStation 2 já carregavam esse DNA. E mesmo sem barra de estamina, mecânica de fogueira ou mensagens no chão, eles já entregavam mundo hostil, combate punitivo e narrativa contada nas entrelinhas. Ou seja: a alma dos souls já estava lá, só não tinha esse nome.
Se liga nessa lista com 6 jogos do PS2 que anteciparam a vibe soulslike, mesmo sem saber.
1. Shadow of the Colossus (2005)
Esse aqui é quase uma unanimidade. O mundo vazio, silencioso e melancólico de Shadow of the Colossus parece ter saído de um rascunho da FromSoftware. Não é sobre ação frenética, é sobre solidão, propósito e sacrifício.
Cada colosso é uma luta única, difícil na medida certa, com um misto de puzzle e tensão. E o silêncio entre os confrontos é quase tão marcante quanto os próprios combates. Não tem HUD piscando, não tem tutorial gritando o que fazer. Só você, seu cavalo e o peso do que precisa ser feito.
2. King’s Field IV (2001)
Pouca gente jogou esse aqui, mas a importância é imensa: ele é da própria FromSoftware, e foi praticamente o “ensaio geral” pro que viria depois.
Com ambientes escuros, combate lento e tenso, mortes constantes e uma sensação constante de desorientação, King’s Field IV não fazia concessões. Você aprendia apanhando. E reaprendia morrendo. O clima opressivo e a exploração meticulosa? Totalmente soulslike — só que em 2001.
3. Onimusha: Warlords (2001)

A Capcom já tava flertando com o estilo anos antes da From. Onimusha misturava combate samurai com puzzles e uma ambientação pesada de Japão feudal demoníaco. Mas o que faz ele entrar aqui é a precisão exigida nos combates, o uso tático de itens e aquela sensação de que qualquer erro podia ser fatal.
Ele não era tão punitivo quanto um Souls, mas já instigava o jogador a respeitar o ritmo do jogo. E mais: a narrativa era fragmentada, entregue aos poucos, deixando você curioso em vez de explicar tudo na lata.
4. Drakengard (2003)
Se você acha que Elden Ring é sombrio, é porque talvez não tenha jogado Drakengard. Esse RPG de ação da Square Enix era violento, estranho e desconfortável — e fazia questão de ser assim.
As batalhas eram brutais, o mundo era sujo e perturbador, e a história se desenvolvia em espirais de loucura. É aquele tipo de jogo que parece quebrado de propósito, só pra deixar o jogador desconcertado. A vibe soulslike? Presente do início ao fim.
5. Demon Stone (2004)
Sim, é um jogo baseado no universo de Dungeons & Dragons. E sim, ele era mais linear e acessível. Mas Demon Stone surpreendia com batalhas desafiadoras, chefes que exigiam atenção e um sistema de combate que favorecia oportunismo e leitura de padrão, não só sair batendo.
Os cenários eram cheios de armadilhas, os inimigos puniam deslizes e, principalmente, o jogo não segurava sua mão. Quer matar aquele troll gigante? Vai ter que entender como, e não só “quando”.
6. Genji: Dawn of the Samurai (2005)
Esse aqui é pra quem gosta de espada com precisão. Genji apostava num combate técnico, quase coreografado, onde o tempo de reação e o posicionamento eram tudo.
As lutas contra chefes exigiam foco total. Nada de barra de vida imensa e spam de botão. Era ir com calma, defender no tempo certo, desviar com estilo e esperar o momento de atacar. E a ambientação — Japão feudal com clima espiritual — deixava tudo ainda mais envolvente.
Por que esses jogos importam até hoje?
Porque eles mostram que o espírito dos soulslikes nasceu antes do nome. Antes de fogueira ser checkpoint, de morrer e deixar alma no chão, já existiam jogos que apostavam no risco, na tensão, na ambientação densa e na recompensa da superação.
E hoje, em pleno 2025, revisitar esses títulos é mais do que nostalgia. É entender de onde vem esse fascínio moderno pelos jogos difíceis, enigmáticos e implacáveis.
Esses jogos do PS2 estavam ali, quietos, plantando a semente do que viria a ser um dos gêneros mais influentes da última década.