Se você já abriu a PS Store, Xbox Store ou Nintendo eShop e ficou de cara com um jogo base custando R$ 350, R$ 399… até R$ 420, bem-vindo ao clube. A indignação é coletiva. Mas a pergunta que não quer calar é: quem é o verdadeiro vilão dessa história?
Será que é culpa das desenvolvedoras? Dos distribuidores? Do governo? Ou, será que, sem querer, a própria comunidade gamer também tem sua parcela nisso tudo? Bora jogar a real — sem filtro, sem rodeio e com aquele papo reto que a galera precisa ouvir.
As desenvolvedoras: criatividade que custa caro (às vezes, até demais)
Vamos começar do começo. Sim, criar um jogo hoje não é nem de perto barato.
- Produções cinematográficas.
- Equipes gigantescas com centenas, às vezes milhares, de pessoas.
- Tecnologia de ponta, motion capture, IA, design de mundo aberto, trilhas orquestradas.
- Anos de desenvolvimento.
Não dá pra ignorar: fazer um God of War, Spider-Man 2, GTA 6 ou Red Dead Redemption 2 custa centenas de milhões de dólares. E isso pesa no preço final.
Mas aí entra a parte polêmica:
- Será que precisa transformar todo jogo em um blockbuster bilionário?
- Será que as empresas estão investindo no que realmente importa ou gastando fortunas em marketing, trailers de 5 minutos na E3, publicidade em tudo quanto é lugar e campanhas que custam tanto quanto o jogo em si?
Verdade nua e crua: parte do preço alto vem da própria indústria que, muitas vezes, escolhe um caminho onde tudo precisa ser megalomaníaco.
As distribuidoras: os intermediários invisíveis que você paga (e nem percebe)

Pouca gente fala delas, mas as distribuidoras têm um papel pesado nesse jogo — e não é no bom sentido.
Elas são as responsáveis por:
- Levar o jogo pras lojas físicas.
- Cuidar da localização.
- Fazer acordos regionais.
- E, claro, garantir que todo mundo na cadeia de vendas tire sua fatia.
O problema? Essa cadeia é longa. E cada mão que toca no produto, adiciona mais uns bons reais no preço final.
Mesmo no digital, onde teoricamente os custos deveriam ser menores, a precificação continua absurdamente alta. E sabe por quê? Porque elas não querem que o digital mate o físico tão rápido. Mantêm os dois preços parelhos, mesmo o digital não tendo custo de caixa, frete, armazenamento, estoque ou logística.
O governo: o vilão que nem tenta se esconder
Aqui é sem dó, sem piedade. O governo brasileiro é, sim, um dos grandes vilões dessa história.
- Impostos de importação.
- IPI, ICMS, PIS, COFINS, ISS (até pra jogos digitais hoje).
- Taxas sobre serviços estrangeiros.
- Taxação sobre tecnologia, considerada “produto de luxo”.
Resultado? Pelo menos 70% do preço de um jogo no Brasil é imposto.
Isso mesmo. Quando você compra um jogo de R$ 399, mais de R$ 270 vão direto pro bolso do governo — municipal, estadual e federal.
Pra piorar, game aqui nunca foi tratado como indústria séria. Não tem incentivo, não tem redução, não tem debate real sobre tornar acessível. Enquanto outros países veem os games como economia criativa, exportação e geração de emprego, aqui… é luxo.
A comunidade gamer: e se eu te disser que você também tem culpa?
Papo reto e talvez até doído, mas precisa ser dito: a comunidade também tem sua parcela nessa bagunça.
- Paga preço cheio em pré-venda, mesmo sem saber se o jogo funciona direito.
- Faz fila pra comprar edição deluxe, gold, ultimate… às vezes até sem entender o que vem junto.
- Aceita microtransação, passe de batalha, cosméticos a R$ 150 e acha normal.
- Defende empresa bilionária como se fosse time de futebol.
- E, quando o jogo vem bugado, mal otimizado e capado, reclama… mas compra o próximo igual.
Sabe o que a indústria entende disso? Que dá pra empurrar. Que o gamer vai reclamar no Twitter, vai xingar no Reddit… e no dia seguinte vai abrir a carteira do mesmo jeito.
No fim das contas… quem é o vilão?
A verdade é que não tem só um vilão. É um cartel disfarçado de mercado.
- As desenvolvedoras querem projetos cada vez mais caros, que precisam vender milhões pra se pagar.
- As distribuidoras querem sua fatia, seu lucro e manter o velho modelo de negócio funcionando.
- O governo brasileiro esmaga o consumidor com uma carga tributária surreal.
- E a comunidade, muitas vezes, ajuda a manter isso funcionando, aceitando tudo sem resistência real.
E tem saída?
Tem, mas ela não é simples. Enquanto não houver:
- Pressão real pra redução de impostos.
- Mudança na cultura de consumo — parar de aceitar qualquer preço, qualquer prática abusiva.
- Adoção de modelos mais inteligentes, como assinaturas (Game Pass, PS Plus, EA Play…) ou fomento ao mercado indie.
… a tendência é que os preços continuem subindo. E subirão até onde a galera parar de comprar. Só aí a indústria vai olhar pro espelho e perguntar: “será que exageramos?”
Bora ser sinceros:
R$ 400 num jogo não é só caro. É um sintoma de um mercado doente. Um mercado onde todo mundo quer tirar mais — da empresa ao governo — e quem paga a conta é, adivinha… você.
Agora me conta, Chefe: na sua opinião, quem é o maior vilão dessa história? Ou é todo mundo junto e misturado? Bora trocar essa ideia.